Bizarrices geográficas da América do Sul que surpreendem
A América do Sul abriga alguns dos fenômenos naturais mais inexplicáveis e fascinantes do planeta. Em um mesmo continente, você encontra desertos extremamente secos a poucos quilômetros da maior floresta tropical do mundo, rios que fervem sem vulcões por perto, e até um oceano de sal no topo dos Andes. Este artigo explora essas bizarrices geográficas da América do Sul, revelando o que torna esse território um verdadeiro laboratório natural de extremos.

Desertos tropicais ao lado da Amazônia
Parece impossível, mas o deserto de Sechura, no Peru, está a apenas 125 km das áreas densas da floresta amazônica. A existência de um deserto em uma região tropical só é possível devido a três fenômenos:
- A Cordilheira dos Andes, que bloqueia a umidade vinda da Amazônia (chuva orográfica);
- A corrente fria do Pacífico, que reduz a evaporação e impede a formação de nuvens;
- E o anticlone do Pacífico, um sistema de alta pressão que mantém o clima seco o ano inteiro.
O fenômeno El Niño, por sua vez, quebra esse padrão temporariamente, trazendo chuvas até para o deserto — um paradoxo climático que só reforça o quão única é essa região.
O oceano de sal nas alturas
No coração dos Andes, outro fenômeno surreal: desertos de sal que se estendem por milhares de quilômetros. Formado após a evaporação de antigos lagos salgados, o Salar de Uyuni, na Bolívia, é o maior do mundo, com mais de 10.000 km².
Esses desertos surgiram onde lagos pré-históricos, como o Lago Minchin, evaporaram completamente devido ao ar extremamente seco e à altitude de mais de 3.600 metros, deixando para trás crostas de sal cristalino.
O Salar de Atacama, no Chile, também compartilha da mesma origem, localizado no deserto mais seco do mundo — o Atacama — graças à sombra de chuva dos Andes e à corrente fria do Pacífico.
Um continente de cabeça para baixo
Diferente de outros continentes que se estendem na horizontal, a América do Sul possui um formato vertical, atravessando quase todas as zonas climáticas do planeta. Isso cria variações climáticas extremas em poucas horas de voo:
- Do calor úmido da Amazônia em Manaus;
- À secura do deserto do Atacama em Antofagasta;
- Até os ventos polares da Patagônia e da Terra do Fogo.
Essa distribuição vertical torna o continente um dos mais diversos climaticamente do mundo.
A avenida invisível de nuvens
Outro fenômeno que só ocorre aqui é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) — uma verdadeira “avenida” de nuvens que se forma no verão. Ela nasce na Amazônia e segue em direção ao Sudeste do Brasil, provocando chuvas intensas por vários dias seguidos.
A ZCAS é influenciada por fenômenos como o El Niño e La Niña, que alteram sua trajetória, gerando secas na Amazônia ou inundações no Sul e Sudeste. É mais um exemplo de como a dinâmica climática da América do Sul é única no mundo.
O rio que ferve no meio da floresta
No Peru, próximo à cidade de Pucallpa, corre o Shanay Timpishka, conhecido como o rio que ferve. Suas águas chegam a 96 °C, mas não há nenhum vulcão nas proximidades. O calor vem de um fenômeno geotérmico profundo: a água da chuva penetra por fissuras na crosta terrestre, aquece em grandes profundidades e retorna já fervente à superfície.
Esse sistema subterrâneo natural cria uma caldeira viva no meio da floresta, tornando o Shanay Timpishka uma das maiores anomalias naturais do planeta.
Conclusão
De desertos em áreas tropicais a rios ferventes e mares de sal nos Andes, as bizarrices geográficas da América do Sul mostram que este continente está longe de ser comum. Aqui, a natureza se comporta de forma inesperada, criando cenários que parecem saídos de outro planeta. Explorar essas anomalias é entender como a geografia e o clima podem desafiar todas as regras — e nos deixar de queixo caído.