As fronteiras mais bizarras da América do Sul

Você já parou para pensar em quão insanas podem ser as fronteiras da América do Sul? Recortes geográficos inusitados, tratados centenários e até ilhas que mudam de dono com o vento fazem deste continente um verdadeiro labirinto político. Prepare-se para embarcar numa viagem por histórias que misturam geologia, diplomacia e cultura — e revelam como os limites entre países moldaram paisagens e povos.

Ilustração estilizada de um mapa da América do Sul destacando formações icônicas nas fronteiras — Monte Roraima, Cataratas do Iguaçu, Lago Titicaca e ilhas Galápagos

1. Monte Roraima: a Tríplice Fronteira nos céus

No extremo norte do Brasil, o Monte Roraima ergue seu topo plano a 2.875 m, unindo Brasil, Venezuela e Guiana em um dos cenários mais surreais do mundo. Esses tepuis são formações rochosas pré-cambrianas que abrigam espécies endêmicas e lendas indígenas.


2. O “triângulo” boliviano no Pantanal

Graças ao Tratado de Petrópolis (1903), a Bolívia, país sem litoral, ganhou um corredor de 32 km até o rio Paraguai para escoar produtos ao Atlântico. Hoje, a área continua subutilizada — não há estradas que liguem o enclave ao resto do país, criando um vazio logístico tão exótico quanto sua forma geométrica.


3. Ilha Brasileira no rio Quaraí: disputa Brasil-Uruguai

Desde 1851, Brasil e Uruguai divergem sobre uma pequena ilha fluvial no rio Quaraí, a 71 km de Uruguaiana. Embora o marco imperial brasileiro de 1862 ainda esteja lá, Montevidéu contesta a soberania até hoje, transformando um pedaço de terra desabitado em tema diplomático recorrente.


4. Tríplice Fronteira e as Cataratas “perdidas” do Paraguai

Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú e Ciudad del Este formam a Tríplice Fronteira mais visitada do continente. Poucos lembram que, antes dos desfechos da Guerra do Paraguai, as hoje brasileiras Cataratas do Iguaçu pertenciam ao Paraguai — e estão apenas 18 km de sua fronteira atual.


5. Guiana Francesa & o Maranhão: legado europeu

A Guiana Francesa permanece como extensão ultramarina da França, enquanto, no século XVII, os franceses quase fundaram a França Equinocial no Maranhão. Esse histórico de conexões atlânticas explica por que Alcântara, a poucos graus da linha do Equador, virou base estratégica para lançamentos de foguetes.


6. Lago Titicaca: ilhas que atravessam fronteiras

Entre Peru e Bolívia, o Lago Titicaca guarda ilhas que literalmente flutuam. As plataformas de totora construídas pelos Uros derivam com correntes e variações do nível da água, causando “invasões” involuntárias, prisões de pescadores e disputas territoriais que parecem piada — mas constam em acordos de 2014 sobre vigilância e pesca ilegal.


7. Canal de Beagle: quase guerra, tratado de paz

Nos anos 1970, Argentina e Chile quase entraram em conflito pelas ilhas Picton, Lennox e Nueva, no Canal de Beagle. A arbitragem britânica favoreceu o Chile; Buenos Aires rejeitou, mobilizou tropas, e só a mediação do Papa João Paulo II selou o Tratado de Paz e Amizade de 1984, redefinindo limites marítimos e evitando guerra aberta.


8. Ilhas Galápagos: laboratório da evolução

A 1.000 km da costa do Equador, as ilhas Galápagos são patrimônio natural e berço da teoria de Darwin. A biodiversidade inclui tartarugas gigantes centenárias, iguana-marinhas únicas e pássaros adaptados ao vulcanismo local.


Conclusão

Das montanhas-mesa do Monte Roraima às ilhas móveis do Lago Titicaca, as fronteiras da América do Sul desafiam mapas e expectativas. Elas revelam como geografia, história e interesses econômicos desenham linhas invisíveis — mas repletas de histórias fascinantes.

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