Por que América do Sul e Antártida têm o mesmo formato?

Você já reparou como o extremo sul da América do Sul e a Península Antártica possuem um formato incrivelmente parecido? Se observados no mapa, ambos têm um desenho de funil apontando para o leste e estão separados por apenas 950 km. Mas será que essa semelhança é apenas uma coincidência geográfica ou existe uma explicação científica? Neste artigo, vamos revelar os processos geológicos que moldaram essas regiões e explicar por que a América do Sul e a Antártida têm o mesmo formato.

Imagem de satélite mostrando o extremo sul da América do Sul e a Península Antártica, separados pelo Mar de Drake, com destaque para o formato semelhante entre as duas regiões

Por que América do Sul e Antártida têm formatos tão semelhantes?

O formato semelhante entre a América do Sul e a Antártida intriga geógrafos e curiosos do mundo todo. Essa semelhança não é fruto do acaso, mas resultado de milhões de anos de movimentação tectônica, correntes marítimas e o histórico de separação da supercontinente Gondwana.

O papel das correntes marítimas

Apesar da aparência irregular da Antártida em projeções de mapas planos, quando vista em um globo terrestre, ela tem um formato relativamente arredondado. Essa característica influencia a formação de correntes oceânicas circulares, como a famosa Corrente Circumpolar Antártica, que age como um redemoinho ao redor do continente gelado.

Essas correntes marítimas provocaram erosões constantes nas bordas continentais, o que ajudou a moldar tanto a plataforma continental da Antártida quanto da América do Sul. Por isso, ambas as regiões apresentam costas montanhosas e um desenho apontado para o leste.

A história das placas tectônicas

O formato da América do Sul e da Antártida começou a se definir há mais de 150 milhões de anos, durante a separação de Gondwana. Naquela época, América do Sul, África e Antártida estavam conectadas. A divisão entre esses continentes aconteceu por meio de uma grande falha tectônica que marcou o limite oeste de Gondwana.

A movimentação das placas tectônicas, principalmente da Placa Sul-Americana e da Placa Antártica, foi fundamental para criar os contornos que vemos hoje. Um elemento crucial nessa história foi o surgimento da Placa de Scotia, localizada entre os dois continentes.

A importância da Placa de Scotia

A Placa de Scotia é uma placa tectônica oceânica que separa a América do Sul da Antártida. Sua movimentação, que começou há cerca de 30 a 50 milhões de anos, empurrou as massas continentais para o leste. Esse processo geológico também deu origem à Cordilheira de Scotia, uma grande elevação submarina visível hoje no fundo do oceano.

Além disso, a Placa de Scotia é responsável pela formação de características marcantes da região, como o Mar de Drake, o Arco Vulcânico das Ilhas Sandwich do Sul e a Fossa das Ilhas Sandwich, uma das mais profundas do mundo.

A conexão pela plataforma continental

Outro fator que evidencia a ligação entre América do Sul e Antártida no passado é a plataforma continental. Ambas as regiões possuem extensas plataformas submersas. Na Antártida, essa plataforma pode chegar a 230 km de largura, enquanto no leste da América do Sul, chega a impressionantes 700 km.

Essa continuidade geológica submersa reforça a teoria de que os dois continentes já estiveram unidos, e que a separação ocorreu de forma gradual ao longo de milhões de anos.


Conclusão

A semelhança entre o formato da América do Sul e da Antártida não é uma simples coincidência visual. Ela é resultado de milhões de anos de evolução geológica, incluindo a separação de Gondwana, o movimento das placas tectônicas, a formação da Placa de Scotia e a ação contínua das correntes marítimas.

Hoje, as marcas dessa história podem ser vistas tanto na forma dos continentes quanto nas características geológicas do fundo do oceano. A geografia da Terra é um verdadeiro livro aberto, contando a história de como nosso planeta foi moldado ao longo das eras.

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